Videoclipe de Volta do Silva

Confesso que não esperava Volta ser o terceiro single de Vista Pro Mar de Silva, isto porque tenho as minhas favoritas, claro. Nunca imaginei que versos tão romanticamente redondos, por seu lirismo e idealização ampla das relações amorosas conseguissem furar a linearidade dos lançamentos que Silva e sua gravadora vinham desenhando até aqui. Mas, ainda bem que me surpreenderam, gosto disso. O vídeo foi feito no país de Angola, dentro da África, e segue uma tendência global com representações do cotidiano noir de um País lusófono já apresentado por Ayo, Pumeza [Matshikiza], responsável por um solo impecável de Mio Babbino Caro, Solange [Knowles] com o seu videoclipe de Losing You e a francesa Inna Modja.

Tenho me vislumbrado bastante com a redescoberta da cultura popular, da métrica, do costume, do escavar profundo. Da tessitura cotejada. Tenho gostado cada dia mais de viver as músicas que eu aprecio. E estou cada dia mais apaixonado por Silva. Há um trecho em Volta que me fascina, porque sou do tipo de pessoa que se deixa impressionar pelo óbvio que ulula e pulula de dentro para fora, e que depois volta a penetrar às narinas; o trecho dessa música está logo em seu início e diz: “Quem é de mim não se esconde, nem recusa o meu olhar”. No momento essa música me fala com voz de quem apenas ouve, mas que não sente a incerteza de quem devesse se ocultar. Acho que é mais ou menos isso.

A direção do vídeo é do Angelo Silva e William Sossai, que também assina a fotografia. Em Angola o músico brasileiro contou com a produção da Batuque Filmes, e com a produção executiva de Ademir Cavalcanti e coordenação de produção de Laura Lins. O vídeo foi lançado hoje. E eu adorei!

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